A Sociedade do Futuro

Durante muito tempo, vários autores tentaram prever a sociedade do futuro. Houveram muitos visionários que acertaram em várias previsões, e isso foi comentado por Neil Postman -- autor de Amusing Ourselves To Death. Postman cita em sua obra um pouco dos escritores Huxley e Orwell. O livro foi publicado em 1985, e desde essa época, já existia esse pensamento. Imagine se Postman estivesse vivo em 2018 numa sociedade como a brasileira?

Neil Postman, ao falar dos autores Huxley e Orwell, constatou que eles teriam previsto a sociedade do futuro já no século passado, da mesma maneira como é hoje. Aldous Huxley, autor do romance "Admirável Mundo Novo" escrito em 1931 e publicado em 1932, é particularmente um dos meus favoritos. George Orwell, autor do romance distópico "1984" escrito no ano de 1949, também é um autor renomado e muito citado no campo acadêmico.

Postman começa seu texto dizendo o seguinte:

Orwell temia que os livros fossem proibidos, tanto por meio da censura quanto pela filtragem de conteúdo. Já Huxley temia que não ouvesse a necessidade de se proibir livros, pelo simples fato de que ninguém teria disposição de ler algo.

Orwell temia que nos privassem da informação, que nos impedissem de buscar mais e mais. Já Huxley temia que nos dariam tanta informação, que nos reduziriam a um estado de passividade e egolatria.

Orwell temia que a verdade nos fosse ocultada, como se as mídias fossem omissas e as pessoas fossem vítimas disso. Huxley, por outro lado, temia que a verdade fosse afogada e ofuscada num mar de irrelevância, bombardeando as pessoas com fofocas, famosidades e uma infinidade de coisas quando, ao mesmo tempo, se tem milhões de coisas acontecendo.

Orwell temia que nos tornássemos uma cultura contida, limitada, restrita. Huxley temia que no tornássemos uma cultura trivial, baseada apenas em banalidades e distrações. Como Orwell observou em "1984", o establishment determina tudo, inclusive para onde vai a atenção do povo. Como Huxley observou em "Regresso ao Admirável Mundo Novo", os defensores das liberdades civis e racionalistas que estão sempre em estado de alerta para se opor a tirania "falharam ao não levarem em conta o apetite quase infinito que o homem tem por distrações." O próprio Huxley previu que a sociedade caminhou rumo às previsões em seu livro mais rápido do que ele esperava.

Exemplos disso? Futebol, programas de auditório, músicas repetitivas, marcas de produtos com preços exorbitantes que agregam mais status do que qualidade, consumo excessivo de novelas, reality shows, práticas de má alimentação e bebedeiras desenfreadas em finais de semana, festas sem ter o que celebrar, baladas apenas para fritar, uso de drogas pesadas.

Em "1984", de George Orwell, as pessoas são controladas pela dor, pelo Estado Totalitário. Em "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, as pessoas são controladas pelo prazer, pelas paixões e pela libertinagem.

Ou seja, Orwell temia que seríamos arruinados por aquilo que odiamos. Huxley temia que seríamos arruinados por aquilo que amamos.

Quem acertou mais?

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